Teve uma postagem no grupo dos bixos da física perguntando o que motivou os meus colegas a escolherem o curso de física. Eu respondi e acho que ficou bonitinho. Vou compartilhar aqui:

A grosso modo, minha motivação basal de entrar aqui (USP) foi uma espécie de necessidade subjetiva de querer entender o mundo em diversas facetas e expandir fronteiras mentais.

Por uma direção, eu vim para a física pois na época eu achava que era o curso magaiver – eu acreditava que seria um curso que me daria uma perspectiva e uma forma de ler em fundamentos que seriam relevantes e até essenciais em várias áreas – biologia, química, tecnologia, economia, etc etc ao mesmo tempo que ela andaria junto com outras áreas de conhecimento mais abstraidas como matemática e arte. Nesse sentido, eu escolhi física por eliminação.

Ao mesmo tempo, teve também o meu desejo de vir para SP – pois eu morei a vida inteira quase em Rondônia e não conhecia ninguém aqui em um raio de 1500km – por uma necessidade de expandir as minhas perspectivas no sentido de querer entender e viver as transformações no mundo. Eu queria respirar e presenciar ao vivo muitas das coisas nas quais o meu contato foi exclusivamente pela internet – a minha única janela para o mundo enquanto eu estava em Rondônia.

Estou no final da graduação e acho que já posso dar um veredito diante das expectativas iniciais. Foi bem sucedido no que era a expectativa? Sim. Muito mais do que eu esperava e poderia imaginar inclusive. Tão bem sucedido a ponto de eu mal me reconhecer quando olho lá para trás. É uma sensação bem estranha na verdade.

Fui bem sucedido na física e na vida? Acho que não. Todo esse ganho de perspectiva me gerou uma profunda insatisfação com o mundo e a sociedade, e hoje tenho dificuldades em me sentir confortável diante de tantas problemáticas. Eu também tive uma dificuldade muito muito maior do que eu esperava de me adaptar para a vida aqui – o choque cultural foi grande – a pessoa que eu era teve que se reinventar e se moldar em praticamente todos os aspectos, e não foi pouca coisa que tive de me adaptar. É muito estranho quando você não consegue entender ou ser entendido pelo coração e quanto a intuição que lhe foi treinada a vida toda simplesmente não mais é eficaz.

E agora estou encerrando minha graduação questionando a minha motivação basal e suspeitando que muito mais importante que o zelo pela verdade e conhecimento é sim a empatia humana. O zelo alheio sem interesse, sem julgamentos e sem seletividade. O gostar só por gostar, ajudar só por ajudar e rir só por rir.

Terminando: valeu a pena? Sim, muito. Eu me sinto um ser humano mais completo depois de tudo.